Sobre a poeira dos móveis
Há algo além quando meu riso cala
De quantas esferas se compõe uma quimera?
Espera antiga.... Sabor de doce em compota.
Mobílias limpas a cheiras óleo de peroba.
Toalha alva e bordada dependurada no varandal....
Bacia de procelana com água fervente esfumaçante para lavar os pés do amado...
Que vem a cavalo....
Pela noite escura da existência
Que vem ainda cheirando a bebida
Ainda tonto
A desejar meu corpo como recheio
Acendo o desejo... É luz? São velas?
O som de um piano...
É que pra amar é preciso tanto desengano....
É preciso tanto sonho em vão....
Mas é preciso também que venhas a cavalo....
Como s eo amor já galopasse os anseios d euma noite sem fim.
É preciso que me arranques da torre.
E que apare os espinhos ao redor de mim.
É preciso ainda que não sejas artista
e que me dispa com crueldade viril
E é necessário que já seja noite, quando até a solidão durma e as angústias dispersas cedam aos apelos da carne
E que quando chegues, beijes minhas màos
Como se pedisse a minha dor, aprovação
E que me cubra e dispa, e cubra e dispa de beijos
Doces
Ardentes
Ternos
E que guarde ainda alguns beijos entre parenteses
Pra te caberem as outras e os devaneios
E ei de pedir-te que nào ocultes anseios
E que me roce a nuca
E que me faças louca
Eu que já tão sua
Em versos, pus-me nua....
E é preciso ainda que aprendas o quando deves ir e o quanto quero a volta
E que por ti criei-me eterna espera
Do desejo mais louco
Que num submarino no infinito
Alguém deu um nome: Amor
Mas é preciso que venhas....