DUAS… AL’PERCATAS
Ó sinhô meu Deus,
que seria d’eu
dos meus pé
sem minhas percatas?
Inté agora minhas unha
pré-gunta e ninguém responde.
Ocê já viu fi sem mãe
ouro sem morte
pobre na fartura
e garganta sem nó?
Minha famia…
a muié e meus fiinhos
tão só o coro
e o osso.
Ela cridita que na poeira
da estrada
o sinhô vai vim
e resolvê tudo.
Prá quê?
Se os omi dismancha
e e dispoi some…
Eu cridito no cê meu criador
pro quê
eu tenho ainda
minhas precatas.
Sou maniva de mandioca
braba. Minha testa tá
calejada de tanto suor
É sór de mais sô.
Eita, olha a chuva
prá lavá meus pé
e aliviá minha goela
seca. E mesmo tropicano,
cai aqui e acolá
ocê me ajuda a chegá lá.
Isso sem me deixar ismorecê.
Pro quê o vivê
é brabo
deixa bamba minhas perna
mas ocê é o cajado
que me insina prá donde
eu devo andá
prá percurá jeito
de ser eu, mais
minhas duas perna.
Padeço
pereço
Mas vou…
Editada em 04.04.1993
Reeditada em 28.09.24
Eugênio Costa Mimoso.