O derradeiro voo do desejo
o pássaro azul do meu desejo avoou
desabitou a gaiola da minha liberdade
não sei se por sina ou qualquer intento
e no último gesto da adejante bondade
saiu silvando pra mitigar o sofrimento
não fugiu de súbito, ele foi paulatino
desfez um a um, os nós do meu peito
e por desatenção ou pela falta de tino
não vi que se rompia laço tão estreito
nessas asas de argila eu fiquei pesado
se sonho despenco até mesmo do sono
e já não ouço mais o seu rouco trinado
apenas o eco, na sombra do abandono
foi atrás de um lugar cheio de encanto
é assim que o guarda meu pensamento
lá, o horizonte cobre o mar com manto
não é chão assim, árido de sentimento
-- esse poema foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 27/09/24 --