Andei nas estradas empoeiradas do sertão
Andei nas estradas empoeiradas do sertão
Vi urtigas, caatinga, capoeira, mandacaru
Vi o sol brilhar e derreter os orvalhos
Que se chamava uruvai.
Quando vi a siriema, o tatu, a coruja e o gato do mato
Entendi que o sertão é torrão de vida
Terra que daí brotei da índia e do paiaiá,
Da que veio de terras de África e do viajante do navio tumbeiro,
Da portuguesa mandada para se casar e do português cristão novo.
Sou melado dessas gentes, sou produto daquém e dalém mar,
Sou feito de quem viveu, lutou, sofreu, enfrentou, venceu e morreu na luta
Essa cepa que me faz presente na terra é cepa de vida e de história de todos os tempos
Não sou só do presente, sou do passado e serei do futuro.
Eu vivo o que viveram, vivo o que não viveram e viverei o que outros viverão.
Sou o elo dessa corrente milenar que vai se quebrar e vai elencar os pósteros.
Rodison Roberto Santos
São Paulo, 23 de setembro de 2022