Andei nas estradas empoeiradas do sertão

Andei nas estradas empoeiradas do sertão

Vi urtigas, caatinga, capoeira, mandacaru

Vi o sol brilhar e derreter os orvalhos

Que se chamava uruvai.

Quando vi a siriema, o tatu, a coruja e o gato do mato

Entendi que o sertão é torrão de vida

Terra que daí brotei da índia e do paiaiá,

Da que veio de terras de África e do viajante do navio tumbeiro,

Da portuguesa mandada para se casar e do português cristão novo.

Sou melado dessas gentes, sou produto daquém e dalém mar,

Sou feito de quem viveu, lutou, sofreu, enfrentou, venceu e morreu na luta

Essa cepa que me faz presente na terra é cepa de vida e de história de todos os tempos

Não sou só do presente, sou do passado e serei do futuro.

Eu vivo o que viveram, vivo o que não viveram e viverei o que outros viverão.

Sou o elo dessa corrente milenar que vai se quebrar e vai elencar os pósteros.

Rodison Roberto Santos

São Paulo, 23 de setembro de 2022

Rodison Roberto Santos
Enviado por Rodison Roberto Santos em 27/09/2024
Código do texto: T8161002
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.