O PARADOXO ABSURDO DA SENSATEZ

Não há nada mais subjetivo

do que minha objetiva subjetividade

Não há nada mais contraditório

do que minha imagem fora do espelho

quando dentro dela ainda me vejo

Não há nada mais ilógico

do que a lógica das minhas incoerências

Não há nada mais oposto

do que o antagonismo das minhas desigualdades

Não há nada mais inverso

do que o reverso que observo nos meus versos

Não há nada mais ostensivo

do que o dissimulado com que me encoberto

Não há nada mais desconforme

do que a conformidade dos meus gestos

Não nada mais discordante

do que a concordância desafinada em meus diversos

Não a nada mais inútil

do que a utilidade das minhas ineficácias

Não há nada mais contraditório

do que minha imagem fora do espelho

quando dentro dela ainda me vejo

Joaquim Cesário de Mello
Enviado por Joaquim Cesário de Mello em 26/09/2024
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