A JANELA DOS DIAS
Acordar é abrir uma janela
— não só em direção ao mundo,
mas para dentro de nós mesmos.
Cada manhã, um convite sussurrado pelo tempo:
"Vem, recomeça. Refaz o caminho,
escolhe outra esquina, outra cor."
Imagino-me num café,
onde as vozes de amigos são nuvens leves,
pairando entre risos e silêncios partilhados.
Ali, num instante que parece eterno,
percebemos a grandeza dos pequenos gestos,
como sementes que se espalham,
tocando vidas, criando raízes invisíveis
no solo fértil das almas.
Mas nem sempre o sol desperta
com o mesmo brilho.
Há dias em que o céu se fecha,
e a chuva molha os olhos
antes que toque o chão.
Nesses momentos,
é a resiliência que nos ergue,
como um pássaro que teima
em voar contra o vento,
sabendo que o céu claro
não é eterno,
mas sempre retorna.
E é no abraço das relações,
nesse espaço entre corações,
que cultivamos o melhor de nós.
São nossos laços,
os braços invisíveis que nos sustentam
quando o chão parece partir.
Valorizar cada encontro,
cada olhar que nos acalma,
é um ato de coragem,
um pacto silencioso com a vida,
que nos pede:
"Floresça, mesmo entre espinhos,
pois o amor é o sol
que sempre volta a brilhar."