Pistas
(Peço licença à Andiroba para publicar este texto, baseado em seu "O Caderno de Estudar").
As pistas de corrida
Pedra e poeira
Cada vez mais longas
Por onde desfilam meus carrinhos de brinquedo.
Os craques do futebol
Deslizando sobre a mesa
E sobre o gramado do jardim,
Desfolhando árvores,
Amassando as flores da mamãe.
A bola de couro, de borracha ou de plástico,
Até mesmo do fruto do limoeiro, a
Balançar as redes sob o grito de gol.
A pista mais longa,
Na rua, em frente ao portão sempre fechado.
No triciclo, sinto o vento em meu rosto...
Desalinha meus cabelos...
E a sensação de liberdade contagia,
Mesmo que o sangue jorre dos ferimentos após as quedas.
Na pista vertical,
A resina dos "pinus" nas roupas
Após as inúmeras escaladas.
As “bolinhas” do Sinamão
Utilizadas como munição
Nas inocentes batalhas.
O caminhar por sobre as cercas
Desafiando a gravidade.
Na pista da fantasia,
Os programas de TV às escondidas,
Quando mamãe em casa não estava.
O Gibis trocados com os amigos
Fazendo sonhar nas aventuras de super-heróis.
As imensas mansões construídas
Com gravetos no fundo do quintal.
Na grande pista da vida,
Tantos estágios deixados pra trás
Pela criança que cresceu.
Mas no fundo da mente, teima em sobreviver
E subir à tona, sempre que esqueço que sou adulto
E volto a desfrutar das inigualáveis aventuras de criança,
Ao correr com meu filho, chutar em gol, e vibrar com a rede balançando, mais uma vez.