DOR
Quando chegar a solidão noturna
E densa escuridão ocultar meu pranto,
Há de estrugir por mais longínqua furna,
Há de vibrar no espaço, por fim, meu canto.
Então, tu ouvirás, entre a neblina vasta,
No hálito da brisa que beijar teu rosto,
O sussurrar sutil de u’a voz já gasta
Gemendo e suspirando seu mortal desgosto.
Talvez, por piedade, me finjas escutar.
Quem sabe, caridosa, até me venhas dar
Um pouco d’esperança em meio à desgraça ?!
Mas, não ! Reprima tua voz, não venhas enganar-me!
Basta o Destino que está a maltratar-me,
Porque esta dor, tão grande dor, não passa.