A Arte que me compõe
É tão bom não ser ninguém,
não ser nada,
desaparecer na vastidão da multidão,
onde me perco para, enfim, me encontrar.
A solitude me completa,
me revela,
me faz observar o caos do mundo como uma peça
do quebra-cabeça infinito da vida.
Ser invisível é a liberdade mais pura.
Ver o que os outros não veem,
sentir o que os outros não ousam sentir.
A luz que guia meus passos não vem dos olhos alheios,
mas da arte sutil de existir sem ser notada.
Talvez seja o sangue cigano que corre em minhas veias,
de um povo que sempre soube que a verdadeira força
não está no que é visto,
mas no que se esconde
no silêncio,
no movimento entre sombras.