É S’ C U L T U R A
Como todo ser humano
essa… é estupenda…
de sobremaneira… essencial.
Trás consigo de si
o âmago da vida
e na sua simplicidade
traduz uma autonomia;
sintonia de musicalidade
de ser… quem sempre foste.
A busca de uma perfeição
infinita… beira mar, ribeirinha.
Desejas ter no ser da sua
alma, bendize, ó Margarida,
gritar pelo mundo dos campos.
Somos nejos deste sertão massacrado
pelo verbo botar.
Anseias ser Raquel
fértil de sabenças
que partilhou sua dor
ao perder os seus filhos…
Imaculada… beirada de sonhos
de partilha
do pouco que resta,
sem saber que Jesus
sempre fora seu apelido.
És uma dádiva rica da alegria
de Ester… olhe por meu povo…
babilônia perdida nos anéis
de uma arca que jamais existiu.
Braço, abraço de cruz
costela
aquela que resta
na réstia do unir
ontem com hoje… rogando
por Menininha cem gantois.
Onde o novo arrebenta
teu ventre
e Luther que luta contra
o apartaísmo
paganismo
que ferira Malala…
Urge resistir.
És tu o ovo, o novo
da emoção estampada
na razão do teu existir.
Dulce, doce que azedou
o limão do velho pelourinho
que decretou Canudos e Zé
deixou o conselho maior.
Terra é pátria prenhe
de raça preta como você.
Calor
ardor
mentor
desertor
feminilidade cerrada nas
cercas da vida
destemida
desmedida
pelas fronteiras que causam
refúgios nos áudios.
Grita Sara a sua esterilidade
estampada na garganta
de tantas, que mesmo sem
saber… empoderaram-se.
Sois uma obra prima
segundo consta
a ciência que dita
que nossa primeira
mama… é África.
Quem te esculpiram
a fez com maestria
poesia
canto de sereia.
Fostes projetada na
matéria
oculta
do sobre-naturalmente
natureza.
Quimeras possamos
render-lhe graças
por tão imensa
Glória, nas alturas
de um patamar
onde somente as amazonas
podem galgar.
Não houveram réplicas
e jamais existirão
xérox…
porque no escrutínio
do escultor
foste gerada
como pura essência
de ser para sempre…
… Uma mulher …
Lispector que o diga:
não é Clarice?
Viva as divas.
Editada em 08.11.1993
Reeditada com esmero
em 23.09.24
Eugênio Costa Mimoso.