O SOPRO DA CALMA EM MEIO AO CAOS
A vida, dizem, é uma corrida
onde o relógio dita o ritmo,
onde os passos se atropelam,
e os corações batem em descompasso,
como se o destino estivesse à espreita,
impaciente, ávido por respostas.
Mas eu aprendi a ouvir o silêncio
que habita nas dobras do tempo,
a sentir o peso leve da paciência,
como quem sabe que o rio corre
sem pressa de encontrar o mar.
Há uma pressa que nos cega,
que nos rouba o instante,
o brilho tímido do sol nas folhas,
o riso que escapa sem querer,
o cheiro da terra molhada
depois da chuva que passa.
E enquanto o mundo gira,
esperando que nos moldemos
à sua dança frenética,
eu pergunto:
quando foi a última vez
que paramos para sentir o agora?
A vida, essa correnteza sutil,
não se mede pelo número de passos,
mas pelo caminho que escolhemos percorrer.
É na pausa, no suspiro demorado,
que os olhos enxergam além,
que o coração encontra sentido
nas pequenas coisas.
E ao desacelerar,
descubro que o valor não está
em chegar primeiro,
mas em caminhar com leveza,
saboreando cada detalhe,
como quem sabe que o tempo,
esse velho companheiro,
não é inimigo,
mas um mestre silencioso
que nos ensina a arte
de simplesmente ser.