ZÉ DO PITO
Numa trilha de terra
Dentro d'uma fazenda
A poeira levantava
A cada ventania
Um homem Solitário
De chapel de palha
E uma foice no ombro
Segue seu caminho
O sol a pino
Castiga o andarilho
Sem cerimônia
Ele acende uma gimba
Deu seis tragadas
E tossiu feito cão da peste
Lança a bituca no ar
E murmura:
Essa disgraça
Ainda vai me matar
A criminosa preguiçosa
Cai na cama de capim
Em plena combustão
Rapidamente sai faísca
O mato pega fogo
O ordinário incendiário
Segue rumo
E nem olha para trás
Em minutos
Grandes labaredas
Rasgam a terra e o céu
Numa grande mata
Sêca pelo sol
De dias sem chuva
O fumante inveterado
É cercado em labaredas
Sem ter onde ir
Morre o coitado queimado
Em minutos virou cinzas
Não ousou pedir socorro
Isolado na trilha
Se viu encurralado
Virou churrasquinho do capeta
Uma onda de fumaça
Escurece o sol do meio dia
A queimada esfomeada
Avança pelo serrado
Até as fazendas vizinha
Por onde passou
Só morte e desolação
Disseram que Zé do Pito
Viu fogo na mata
Morreu feito carvão
Com a foice na mão
Em luta contra
O demônio ardente
Que sem dó nem piedade
Desafiava quem
O quisesse impedir
Vejam só
O Piteiro incendiário
Zé do pito desde então
Caiu nas graças do povão
Ganhou busto na praça
De foice no ombro
E a gimba na mão