ZÉ DO PITO

Numa trilha de terra

Dentro d'uma fazenda

A poeira levantava

A cada ventania

Um homem Solitário

De chapel de palha

E uma foice no ombro

Segue seu caminho

O sol a pino

Castiga o andarilho

Sem cerimônia

Ele acende uma gimba

Deu seis tragadas

E tossiu feito cão da peste

Lança a bituca no ar

E murmura:

Essa disgraça

Ainda vai me matar

A criminosa preguiçosa

Cai na cama de capim

Em plena combustão

Rapidamente sai faísca

O mato pega fogo

O ordinário incendiário

Segue rumo

E nem olha para trás

Em minutos

Grandes labaredas

Rasgam a terra e o céu

Numa grande mata

Sêca pelo sol

De dias sem chuva

O fumante inveterado

É cercado em labaredas

Sem ter onde ir

Morre o coitado queimado

Em minutos virou cinzas

Não ousou pedir socorro

Isolado na trilha

Se viu encurralado

Virou churrasquinho do capeta

Uma onda de fumaça

Escurece o sol do meio dia

A queimada esfomeada

Avança pelo serrado

Até as fazendas vizinha

Por onde passou

Só morte e desolação

Disseram que Zé do Pito

Viu fogo na mata

Morreu feito carvão

Com a foice na mão

Em luta contra

O demônio ardente

Que sem dó nem piedade

Desafiava quem

O quisesse impedir

Vejam só

O Piteiro incendiário

Zé do pito desde então

Caiu nas graças do povão

Ganhou busto na praça

De foice no ombro

E a gimba na mão

Wannaim
Enviado por Wannaim em 23/09/2024
Reeditado em 23/09/2024
Código do texto: T8158123
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.