Cifra negra
Na dualidade dos meus porquês, por ruas e avenidas, entre torres de vidro e suas janelas cegas e mudas, caminho.
Entre grades visíveis e invisíveis, o vórtice de sirenes e gritos, se faz ouvir.
Pessoas apressadas, atônitas, atabalhoadas em angústias e medos, correm da morte, sem norte.
Estampidos de armas de fogo ecoam.
Seria isso resultado de escolhas malfeitas?
Não sei...
No chão frio, um corpo sem vida,
clama no silêncio de sua voz,, a liberdade arrancada.
Foram-se os anéis e a certeza do recomeço.
O que vejo seria o grito da minha própria dor existencial, ou somos todos vítimas de um silêncio indiferente?
No giro do relógio, caos, dor e violência se fundem,
como reflexo de uma Babel cotidiana.
Em meio à fragilidade dos passantes,
Uma aparente calmaria volta a oscilar.
Passos apressados desaceleram enquanto o tempo passa.
Até quando permaneceremos em silêncio?
Até o ecoar de um outro grito?
O que somos?
Testemunhas de um estigma ou partícipes de uma sociedade descartável?
Sei apenas que em meio a tudo, restou uma cifra negra, no asfalto a sangrar.