Consciência limpa

Parou de repente

Um carro de luxo

De vidro fumê

No meio do terreiro

Um homem desceu

Dando boa tarde

Nem ligou pro sol

Que estava um braseiro

Quatro guarda-costas

De óculos escuros

Outro com a mala

Cheia de dinheiro.

Seus olhos me olhavam

Como se eu fosse

Uma coisa à venda

Num velho balcão

Fingindo ficar

Feliz ao me ver

Como um velho amigo

Me estendeu a mão

Puxou-me pra perto

Senti seu perfume

De flores amargas

Da corrupção.

Falou outra vez

De seus falsos planos

Vestiu-se de homem

Correto, decente

Pros males terríveis

Que afligiam o povo

Tinha a solução

E estava ciente

Enquanto falava

Parava um pouquinho

Pra cuspir insultos

No seu oponente.

Sua língua pregava

Rios de mentiras

Segundo a segundo

Cuspia falsidade

Seus olhos soltavam

Raios de cobiça

Suas veias pulsavam

Desonestidade

Nem mesmo as batidas

De seu coração

Conseguiam passar

Credibilidade.

Depois de falar

Perguntou meu preço

Olhei-o nos olhos

E disse: “Senhor,

Eu durmo nos braços

Da mãe Liberdade

Cansei de sofrer

Nas mãos do opressor

O meu voto é livre

Portanto pra ele

Não existe preço

Existe valor.

“E neste dinheiro

Que me oferece

Tem as digitais

Da corrupção

E nele eu escuto

O clamor do pobre

Pedindo Saúde

E Educação

Desculpe, Senhor

Em dinheiro sujo

Não quero, jamais,

Colocar a mão!”

A mala fechou-se

Abafando o cheiro

Do dinheiro sujo

Do povo tirado

Olhei para os céus

Para agradecer

Por nem um momento

Me sentir culpado

De pôr no poder

Um homem corrupto

Colocado à custa

De voto comprado.

João Rodrigues (O Poeta do Riacho) – Reriutaba – Ceará

Poeta do Riacho
Enviado por Poeta do Riacho em 22/09/2024
Código do texto: T8157528
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