Trajetória
Os traços jovens, te vi perder
Como uma flor que desabrocha muitas vezes
E, em cada ciclo,
Nunca deixa de ser bela.
Os costumes: uns, abandonados
Outros, adquiridos
E, com o vai e vem da vida, uma sabedoria
Acerca do que é mesmo precioso.
Teu saber-viver, tácita arte
Que se perpetua nos ensinamentos
E nas reflexões que fazes
Mirando o horizonte, planejando futuros.
Tuas incongruências canto também, na poesia
Quando estás rude, feia, exausta, humana.
A natureza humana é complexa
Sem espaço para idealizações inverossímeis.
É, sobretudo, no trivial
Onde te manifestas com mais potência
Navegando às margens do tempo
Sem oferecer-lhe resistência.
Tua essência é transitória,
Assim como meu olhar é efêmero
E, nessa vagarosa passagem,
Já acumulamos muitas memórias.
Contemplando o passado, pouco me detenho:
No agir do presente é que residimos.
Esta é a maior lição de te observar:
Seguir sempre em frente, como correm os rios.