A estrela lá no alto
A estrela lá no alto
Diz ao pajé e ao morubixaba
Tempo de fazer a festa da
Flauta Uruá
É ela permite guerreiros
Dançarem no seu ritmo
Batendo os pés sincrônicos
Acompanhada pela maraca de
Sementes – urucum, guaraná
Milhos de várias cores
E tudo o céu mandou de cima.
Não é só a imitação da natureza
É a mistura de gente terra
Gente barro e gente matas
Povo rio, povo aves, trovão e chuva.
Depois dessa festa tem de ter o festival
Iniciação dos guerreiros antes curumins
Pós terem ficado na oca dos homens novos
Para esperar Initirá vir ordenhar seus primeiros
Sêmens sementes de mais vida, renovação da tribo.
E em seguida a festa das donzelas recém-mulheres
Que dormiam na oca de Zopitã esperando a lua
Descer com uma bacia de Içana para colher
Os primeiros sangues vertidos do centro da vida
Mulheres e casas das cerâmicas de fazer abá: gente.
Rodison Roberto Santos
São Paulo, 11 de janeiro de 2024