ANTÍTESES
A vida, quase sempre, tão incerta
dá-nos a medida certa
das coisas,
mas a gente reluta
e aprende com dificuldade
na força bruta
e por necessidade.
a medida da dor
da pontada do espinho,
a medida do sonho
que mingua ou que medra,
a medida da pedra
que nos faz tropeçar,
cair e levantar
e seguir o caminho.
a medida do tempo
entre o nunca mais e o agora,
a medida do termos
e do sermos,
e o meio termo
entre a pressa e a demora,
entre a euforia e o tédio,
o veneno e o remédio,
que nos cura
a acidez do dia-a-dia,
imposta pela lida.
Entre o amor e o ódio,
entre o pódio e ficar
em último lugar
na corrida.
Entre a certeza da morte
e as dúvidas da vida,
entre o sol que teima
em arder
e nos queima
o corpo, sem pena,
e a chuva tão calma
que nos lava a alma,
serena.
Entre o ato e a consequência,
entre o que é feito de Deus
e o que é coincidência...
Agora, olho todo o caminho percorrido
e observo todo o meu rastro
e nele todo vejo Deus...
Ponho o dedo em riste
e digo olhando o meu próprio rosto
(no espelho):
Deus é bom
e o resto é o resto.