ANTÍTESES

A vida, quase sempre, tão incerta

dá-nos a medida certa

das coisas,

mas a gente reluta

e aprende com dificuldade

na força bruta

e por necessidade.

a medida da dor

da pontada do espinho,

a medida do sonho

que mingua ou que medra,

a medida da pedra

que nos faz tropeçar,

cair e levantar

e seguir o caminho.

a medida do tempo

entre o nunca mais e o agora,

a medida do termos

e do sermos,

e o meio termo

entre a pressa e a demora,

entre a euforia e o tédio,

o veneno e o remédio,

que nos cura

a acidez do dia-a-dia,

imposta pela lida.

Entre o amor e o ódio,

entre o pódio e ficar

em último lugar

na corrida.

Entre a certeza da morte

e as dúvidas da vida,

entre o sol que teima

em arder

e nos queima

o corpo, sem pena,

e a chuva tão calma

que nos lava a alma,

serena.

Entre o ato e a consequência,

entre o que é feito de Deus

e o que é coincidência...

Agora, olho todo o caminho percorrido

e observo todo o meu rastro

e nele todo vejo Deus...

Ponho o dedo em riste

e digo olhando o meu próprio rosto

(no espelho):

Deus é bom

e o resto é o resto.

Claudeciano Ferreira
Enviado por Claudeciano Ferreira em 21/09/2024
Código do texto: T8156436
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