Mãos
Mãos que acolhem
São as mesmas que ignoram
Mãos que plantam rosas
São as mesmas que com espinho ferem
Mãos que acariciam
São as mesmas que esbofeteiam
Mãos que constroem a paz
São as mesmas que lançam bombas
Mãos que desafiam a liberdade
São as mesmas que se refugiam no medo
Mãos que ensinam
São as mesmas que nada dizem
Mãos que perdoam
São as mesmas que fazem o choro
Mãos que acalmam
São as mesmas que semeiam tempestades
Mãos que constroem travessias
São as mesmas que arquitetam trancas
Mãos que encorajam
São as mesmas que tecem o pavor
Mãos que escrevem poemas
São as mesmas que transbordam ignorâncias.
Benditas são as mãos
Que andam em comunhão
Nesse mundo tão doente e caduco.
Benditas são as mãos dos poetas
E dos amantes bêbados de prazer.
Benditas são as mais
Que espalham ternuras amores e empatia.
Duas mãos fazem parte do meu corpo
Elas já distribuíram bondades e maldades
Palavras vãs e transformadoras.
Hoje elas distribuem poesias
Compõem metáforas, palavras e adjetivos
Que tentam decifrar o indecifrável:
Quem sou eu? Quantas almas eu tenho?
Será que sou apenas o que o espelho reflete
Ou um personagem em fuga?
A unica e absoluta certeza que tenho
É a que tenho duas mãos
Repletas de linhas sinuosas,tomadas pelo tempo.
São as minhas mãos.....mãos de um simples poeta.