TRABALHO DE PARIR
Mãe,
Me diz quanto tempo
Até o corte do cordão umbilical?
Elo de carne, sangue e sonhos com a vida
Me explica essa fome (não de pão)
E essa sede (não de água) que nos devora
Mãe,
O que se quer, (in)consciente,
É o reencontro com o mar do útero
Onde a alma não tinha medo de errar
Espaço, saudade fonte de outras saudades
Todo amor concentrado no mesmo lugar
Mãe,
Sigo solto no mundo sob o peso de existir
Desde quando deixei nossa casa comum
Viver é um constante trabalho de parir