O Oásis e o Deserto

Poesia inspirada na canção NOTURNO, de Graco e Caio Sílvio

O aço da cruel espada

Que atravessou minhas entranhas

Com o sangue, ainda está banhado!

Os estilhaços das balas

Atingiram profundidade tamanha

Que ainda jorra pus dos buracos...

Aqui e ali, as cicatrizes arrebentam

E rompem a pele trazendo mais dor...

As chagas explodem ininterruptas,

Os sofrimentos se enfrentam,

Multiplicam-se as lutas...

Tudo é espinho, nada é flor!

Nenhum oásis por perto...

É infinito o árido deserto!

E o astro-rei escaldante

Prolonga o tormento

Em tons de fogo dilacerante...

Vez em quando, algumas miragens

Provocadas pela insanidade ...

Num piscar de olhos, somem as imagens...

E mostra-se sem disfarce a realidade!

O fel despejado nos impropérios

Esconde tantos mistérios

Sutilmente velados em marcas!

Só sobraram as carcaças

Chamando a atenção dos abutres!

Não há máscaras nem truques...

Apenas túmulos e cruzes!

Numa noite sem luzes,

Espalhando as areias desérticas

Pelas lembranças cadavéricas

Cegando os olhos em direção à esperança !

A noite não é mais criança,

É uma velhinha à beira da morte

Tentando parecer forte...

Ao final das doze badaladas,

Resta apenas a solitária madrugada,

Órfã vivendo à própria sorte!

Enquanto isso, o deserto se enterra

Com a ilusão de que é um rio...

Após vencer mais uma guerra

Contra o oásis que nunca existiu

Ane Rose
Enviado por Ane Rose em 17/09/2024
Código do texto: T8153969
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