Cinzas

Terras ressequidas,

Céus em fuligem,

Florestas em agonia,

Rios de cinzas.

Imersa nesse quadro,

consumida em angústias e solidão, minha esperança resiste...

Ossos ressequidos,

Sol sufocado em fumaça,

Desolação e morte

Diante de mim.

Meus olhos já não choram,

Secos pelo calor da desesperança,

Nos desertos da indiferença.

Rastros em meio ao caos.

Mundo doente.

Que escolhas fiz?

Há liberdade na ausência da vida?

O ar, pesado como minhas escolhas,

Me impede de respirar.

Biomas dissipados,

Vida sem transcendência,

Pó à terra queimada,

Vazio existencial num arco-íris monocromático,

Fogo lambendo as sobras da esperança.

Apesar das cinzas e ossos ressequidos

De vidas esvanecidas.

Culpa e dor entrelaçadas no pó.

Após o crepitar das chamas,

No que restou de vida,

Há um silêncio que aguarda renascimento.

Eu também renascerei.

Divino Alves de Oliveira
Enviado por Divino Alves de Oliveira em 16/09/2024
Reeditado em 16/09/2024
Código do texto: T8152953
Classificação de conteúdo: seguro