Silêncio
Quando queremos nos acalmar
Quando queremos meditar
Esquecer um pouco o que é a vida
Essa agitação
Essa tensão
Essa confirmação constante
Quando queremos esquecer quem somos
Que o tempo está sempre adiante
Como uma ferida que nunca cicatriza
Que nos instiga a seguir
A brisa
Tempestades
Uivos solitários de uma noite fria
Em silêncio
Sem contestação
Sempre levados pelo momento
As palavras não são mais que pontos de exclamação
Símbolos de um mundo por dentro
E um pouco do vazio buscamos
Para fingir que não somos rios
Descendo
Mesmo se acreditamos que estamos subindo
Se é o céu que nos comprometemos
Se são as estrelas em que nos benzemos
Mesmo se gritamos, rebeldes
Como filhos do vento
É a perfeição que buscamos
É o silêncio
De ouvi-lo, serenos, plenos
Como se não fôssemos quem somos
Destinos, responsabilidades, caixas que carregamos
Fósforos que não apagamos
Com as mãos
Em posição de triângulo
Ou sem ângulos, jogadas no chão
No descanso dos justos
Também dos injustos
De todos
Turvos espasmos de existência
Que habitam a consciência
Nunca silenciosa
E um pouco dessa calma impossível tentamos
Sabendo que só a temos quando estamos dormindo
Quando nos esquecemos que existimos
O que somos