Filhos quaisquer

Juntos vamos escrever um texto,

um bocado chato,

daqueles que temos de estudar na escola

e dividir em orações.

Pensemos a luz.

Ela esconde a noite dos tempos.

Pensemos a noite.

Ela embala o dia e assusta um bocadinho.

É à noite que o sonho se esconde

e nos surpreende o esquecimento

E quando amanhece a luz

o sonho espera por um novo tempo.

Chama-se Miguel, ou outro nome qualquer.

Nos seus olhos está o horizonte

e as mãos tocam o céu inteiro e muito azul.

Harmonias nunca ouvidas

assinalam cada gesto, cada vontade.

Nele está deus

e também lá estou, lentamente.

Chama-se Daniel

e traz a vida inteira

e é um vale e uma cereja

e é granizo, talvez sereia.

Não sei porque se chama.

Será jogo e naco de prosa,

amor e amor ainda

e o gesto se fará sopro e carne

num tempo distante, será Tânia.

Venoi
Enviado por Venoi em 06/12/2005
Código do texto: T81520