Filhos quaisquer
Juntos vamos escrever um texto,
um bocado chato,
daqueles que temos de estudar na escola
e dividir em orações.
Pensemos a luz.
Ela esconde a noite dos tempos.
Pensemos a noite.
Ela embala o dia e assusta um bocadinho.
É à noite que o sonho se esconde
e nos surpreende o esquecimento
E quando amanhece a luz
o sonho espera por um novo tempo.
Chama-se Miguel, ou outro nome qualquer.
Nos seus olhos está o horizonte
e as mãos tocam o céu inteiro e muito azul.
Harmonias nunca ouvidas
assinalam cada gesto, cada vontade.
Nele está deus
e também lá estou, lentamente.
Chama-se Daniel
e traz a vida inteira
e é um vale e uma cereja
e é granizo, talvez sereia.
Não sei porque se chama.
Será jogo e naco de prosa,
amor e amor ainda
e o gesto se fará sopro e carne
num tempo distante, será Tânia.