Arabescos de Mim

Também me perco em minhas próprias palavras.

Falo porque se calar desmonto a alma

como os parafusos que se soltam da cadeira

que pés de sonho ousam se sustentar.

 

Sou poliglota do amor. Falo tantas línguas

que se misturam arabescos com códigos,

enigmas, hieróglifos e pinturas remanescentes

de um tempo que ainda sou.

Teço poesias para 'sobre' viver...

Afogaria em minha própria mudez

se ela persistisse.

 

Se sou eu a voz do deserto?

É o que diz o Poeta da Antiguidade.

Mesmo o silêncio de línguas,

o calar dos sentidos, a fragilidade de não saber,

o tempo de distâncias...

penso além do passo que fica, querendo ir.

 

Acredito que ainda há sorrisos abertos

esperando um abraço, um toque de felicidade

num meigo olhar de poço e floresta.

Que o seu calor abrace o coração

e afugente saudades e incertezas de amanhãs...