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Uma tarde no meio de tantas.

Minutos de tédio que se tornam contemplação.

Uma aguda percepção momentânea do agora,

um bocado de sentimentos impróprios

para poema ou prosa, e entre as grades,

o panorama bege da cidade.

Há gente que morre lá fora,

nos quilômetros próximos, sim,

mas além — das fronteiras, nas trincheiras,

em realidades que tenho o privilégio de desconhecer.

Há gente que se arrasta na lama

nesta tarde no meio de tantas,

e que há de se arrastar amanhã;

como posso ser tão infeliz?

Uma breve concepção transitória de sorte

quase esboça gratidão, e então vai embora:

somos cegos às dores do mundo.

Glacial e fechado ao entorno,

diminuo, de novo, o escopo,

firmo o corpo no assento de couro

e meu rosto é pintura no vidro.

Você está na janela também?

Rico Brugi
Enviado por Rico Brugi em 11/09/2024
Reeditado em 11/09/2024
Código do texto: T8149461
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