Terra de Ninguém
Não há mapas
Não há rotas
E estou sem dados móveis
Para usar o GPS
Não há uma alma viva
Não há uma bola de feno
Passeando pelo vento do deserto
Ou miragens de lagos
Não há ideias
Mas talvez haja vagas
Porque não há nenhum Gullar
Para dizer o contrário
Não há nada
Exceto minha percepção
E os fios trocados
No circuito cérebro-coração
Não há nada
Cores, contrastes, brilho ou matiz
Nem sequer um ruído branco
Dos antigos televisores de tubo
Não há tempo
Não há dinheiro
Com o bolso cheio de preocupações
Também não há sono
Nessa terra de ninguém
Onde não há cobranças
Onde não há caminhos
Onde não há esperanças
Nessa terra de ninguém
Haverá identidade?
Tento não ser um “ninguém”
Enquanto me sinto no exato lugar
Onde ninguém deveria estar.