POR CAUSA DA CHUVA, O MEL
POR CAUSA DA CHUVA, O MEL
Quisera a densa chuva secasse
Entre a noite de bruma que deságua no rio do sol
Chega sorrateiro este infante
Quase nem aparece enquanto a lua ainda vislumbra no céu
Mas isso é só amanhã, na aurora
Agora o grosso manto escuro encobre o brilho dos diamantes
A lua fica longe, escondida atrás das nuvens escuras e cheias d’água.
Quisera a densa chuva secasse
Para que meu coração pudesse sentir outra vez
Aquele doce mel que tantos poetas provaram com suas palavras
Mas que poucos se lambuzaram com seu melado
Mas para quê secar a densa chuva?
Que egoísta sou eu
As nuvens também têm o direito de chorar
As árvores e suas folhas
Merecem o banho que vem do céu e da terra
Onde se alimentam não do mel dos poetas
Mas da comida da vida
Onde nada cessa
Nem a lua, nem o sol, nem a chuva, nem o mel
Transformam-se somente
Escondem-se, cessam e morrem
Para ressurgir com cara nova ali adiante
Olhem, escutem só!
Cessa a chuva
Vistes?
As nuvens se alegram novamente
Pois já cumpriram o dever
De amolecer a semente
Para que a abelha possa pousar na flor que dela se originar
E daí, fabricar o mel
Para que o poeta nunca pare de poetar.
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