A sabedoria das árvores

Se as árvores já nascem

Enterradas na terra

Com aquilo que nutre

Brotando do chão

Com o caixão nos pés

Quer dizer que vivem

Em infinito pra sempre?

.

As árvores não conseguem

Quebrar o tempo em horas

Ou até saber que ele existe

Porque não precisam

Porque não saber

E não pensar em nada

É a coisa mais sábia.

As árvores não falam

As árvores não gastam

Uma única sílaba

Não choram

Uma única lágrima

E não gritam

Uma única súplica

As árvores, como coisas da natureza que são

Tem o céu acima da cabeça

E enxergam caladas

Todas as coisas

Em longa e mansa

Observação

Ainda assim, eu acho

Não queria ser árvore

Nem folha, nem galho

Nem qualquer coisa parecida

Na minha sombra que se move

Altiva e com fome

E nos cheiros que moram em minha memória

Há sabedoria perecível

E menor do que qualquer árvore

E menos nobre

Mas suficiente

Pra saber que é você