GUARDIÃO DO AMOR EM SILÊNCIO
Guardei-te em segredo,
Como a brisa que acaricia a noite,
Sem alarde, sem voz,
Um amor que floresceu nas sombras,
Em solo fértil de sonhos e receios.
Era chama discreta,
Aquecendo-me em solitários invernos,
Cada olhar teu, um novo fôlego,
Cada ausência, uma saudade sem nome.
E o tempo passou,
Como rio que corre em leito profundo,
Levando consigo murmúrios de amor,
Que nunca ousaram ser palavras,
Mas que, ainda assim, eram vida.
Te vi como quem avista o horizonte,
Sabendo que ali, além do que se vê,
Há um mundo a descobrir,
Um abraço que encerra a busca,
E completa o quebra-cabeça da alma.
E então, algo mudou,
Um instante breve, um gesto simples,
Um olhar que encontrou o meu,
E, sem palavras, soube de tudo,
Das noites em que te cultivei em silêncio,
Dos dias em que foste meu sol oculto.
Sem mais barreiras,
O amor se fez luz,
Clareou as incertezas,
Trouxe paz aos temores,
E o que era fogo escondido,
Se tornou chama viva,
Brilhando na simplicidade do nosso encontro.
Agora, ao teu lado,
Percebo a beleza das pequenas coisas,
O riso compartilhado, o toque que conforta,
E o amor que, sem pressa,
Cresce e floresce,
Como árvore que encontra, enfim,
A terra onde fincar suas raízes.
E assim, meu amor,
Dissolve-se o medo,
E o que era silêncio,
Hoje é melodia,
A cantar a plenitude de amar,
Na certeza de que,
Mesmo guardado,
O amor nunca perde sua força,
Nem a capacidade de transformar.