CANTO CHÃO
Meu canto é chão, profundo.
Pesadas, são as cores das minhas paisagens,
em acasos de pincel e tinta.
Errantes são meus trilhos, em pegadas incertas
pelas poeiras dos caminhos
que ninguém mais percorre.
Mágicas, as vozes que falam por mim,
em longas frases, roucas e singelas.
Forte, é essa vontade que me consome
em linhas cheias de palavras, como bálsamos.
Imensa, a extensão do meu querer, repetindo-se,
em plágios de mim mesmo.
Velhas, essas ruas calçadas de negro,
nas noites claras de tantas cidades iguais,
onde ás vezes me procurei nos outros,
tão esquecido de mim...
Jan/ 2008