Silêncio e dor
Fiz do meu corpo um livro
E coloquei na capa a agonia.
Meus pulsos foram cada página
Onde eu rabiscava à faca
Palavras que ninguém lia.
No extremo das minhas dores
Que somente eu sofria
Não digitava nada,
Mas rabiscava à faca
Palavras que ninguém lia.
E quando o medo de não caber
Em mim, me entorpecia
Eu não gritava nada
Mas rabiscava à faca
Palavras que ninguém lia.
Não há borracha que apague
As feridas de quando eu morria
Então hoje eu escrevo
Nos profundos cortes
Dos meus pulsos, a poesia.