EFEMERIDADE
EFEMERIDADE
Vai passar o amor que se diz eterno
Vai passar a inocência da criança
Vai passar a aflição da alma, a serenidade da calma
Vai passar o conflito de ser, a ilusão de ter
Vai passar a carência do miserável, a riqueza do
Abastado. Vai passar a inexorável senilidade, o vigor
Juvenil, Vai passar a graça por Cristo ofertada, o perdão
que redime. Vai passar a solidão do solitário, a solitude
do estóico. Vai passar a estupidez do néscio, a sapiência
do erudito. Vai passar o crepúsculo do entardecer, a noite
de luar, tua lembrança ao amanhecer, o perfume da rosa
que confunde-se com o teu. Vai passar o verso, a prosa, a
nostalgia. Vai passar a virilidade do macho, o cio da fêmea, o
ápice do prazer. Vai passar a fugaz existência e com ela a
saudosa lembrança daquele que um dia existiu.