A angústia do amarelo setembro

No setembro amarelo, vamos celebrar,

A vida, a esperança, o lindo amar.

Mas entre fitas e sorrisos, é comum,

Ignorar a dor que não se vê em nenhum.

“Fale, desabafe!”, gritam de longe,

Enquanto o coração espreme, responde:

“E se eu falar? O que vão fazer?

Trocar a dor por um simples café?”

Nos feeds, selfies com sorrisos tão largos,

Poesias e mensagens, todos são fardos,

Mas na esquina da angústia, ninguém para,

Apenas cliques, depois a vida que aclara.

É moda agora cuidar da mente,

Mas só até o final do mês, bem presente.

No dia primeiro, a vida volta ao normal,

E o “como você está?” fica banal.

Então brindemos, com copos de ilusão,

À conscientização, mas sem coração.

Setembro é amarelo, mas só por um mês,

Depois a correria retoma a sua vez.

Assim, seguimos neste ciclo eterno,

Aplaudindo a vida, tão frágil e terno,

Mas em setembro, vamos todos festejar,

E em outubro, quem sabe, voltar a calar.

Raíne Gomes
Enviado por Raíne Gomes em 06/09/2024
Código do texto: T8145605
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