Hoje eu vi que não faço parte.

Sou quem organiza o caos,

quem faz ficar bonito na estante

o conhecimento...

A poetisa, a mulher das Artes.

 

Sou aquela que acaricia

a tua alma com palavras,

que entrega amor em poemas

que nunca se cala...

Que chora, que grita, que canta

que se esconde das linhas,

e nas entrelinhas fala...

 

Essa - que não é família

(e dela não sabem existir).

Sou o segredo, o secreto,

o enigma ainda não decifrado,

o jogo escondido

do mundo e até de si...

Sou o intocável - o Sagrado!

 

Sou a vergonha, o medo,

o Farrapo, o Trapo...

Aquela que ninguém

quer ao lado - um fiapo -

ninguém quer tocar,

abraçar, beijar.

caminhar ao lado, mãos dadas

no mundo real, em verdade, Amar!

 

Sou a mulher que não existe...

Aquela que esteve por 7 milênios

que voltou por 17 tempos

que vem por 70 horas,

mas sou aquela que por ordem sua passa

porque não há a pretensão de a reter.

 

Sou a neblina que paira no ar - cedo -

e o vento a sopra para longe

e ao seu empurrar

- não suporta, não resiste,

morre, se dissipa,

assim, assim... triste... triste...