"O CÚMULO DA REVOLTA" Poema de: Flávio Cavalcante
O CÚMULO DA REVOLTA
Poema de:
Flávio Cavalcante
No silêncio que devora o grito
No olhar que se perde no abismo
Encontro com a sombra do infinito
Traz uma revolta, chamada cinismo.
A dor queima o peito em brasa
A injustiça que vira uma praga
Cada promessa é uma enorme asa
Que o vento da mentira encolhe e rasga
O cúmulo é ver a certeza da verdade
Ser vendida em leilão chulo e barato
O acervo é lamentar que a liberdade
Seja expurgada numa redoma de contrato.
Mas o fogo que me arde e consome
Queima as correntes de todo o medo
Revolta, sussurro sempre teu nome
E no meu grito, respeito, me curvo e me cedo.
Quebro as algemas do meu peito
Desfaço o nó que estava na garganta
Revolta, em ti me abraça e deleito
Enquanto a doce esperança, se planta.
O cúmulo da minha revolta
É a chama que nunca se apaga
É a fé que o tempo jamais se solta
Mesmo quando a vida, seja uma saga.