Carta ao arrependimento

Por um lastro de misericórdia

Perdoa o lustre da balbúrdia,

Luzia a dança das confusões

Azaradas no coração ansioso,

Obscuro como os antigos toques

De seus beijos!

Meu amor, por que me enganas?

Nossa cria vaga na fantasmagoria

Dum relacionamento sem corpo,

Porque o corpo do pai

Esculpido em desilusões

Apedrejado foi pelo sofrimento.

Apesar de mármore...

Apesar de tácito e tenaz mármore

Cai o pai nos invólucros do inferno.

A mão chorada naquele deslize de rendição;

Um pai sem a guarda do filho,

Um filho sem a asa do pai.

Sim, a consciência grita comigo!

Sei que fatalmente errei.

Um deslize, um apetite, uma parvoíce.

Traí o lírio como me sinto traído pela vida,

Vitimista? Jamais fui!

Eu sou um mero alguém-porcaria!

Um amontoado de órgãos confusos,

Emoções sob o signo da loucura,

Sensível cérebro de intenções confusas.

Apesar de mim, eu te amei! Não acredita?

Das ligações virtuais de conexões únicas,

Ou então no beijo roubado na frente de sua casa?

Desculpa, mas fui doutrinado no abandono!

Caí antes da fatalista queda de asas

Na minha libido contornada em Ícaro

Amoroso, apagado pelo meu pecado de fogo.

Resta cinza com sabor de passado,

Ah! E quem me dera voar até você...

Encontro meu corpo fraco na sarjeta

Composto de sal e álcool.

Vomito a alma ardente na treva madrugada,

Nada seria de mim sem a malandra gorjeta

Saboreada por esta bela mulher

De curvas chamativas que me incendeia.

Reirazinho
Enviado por Reirazinho em 04/09/2024
Código do texto: T8144041
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.