SEMPRE ELE, O TEMPO
O tempo enferrujou as dobradiças da porta
Que abre e fecha reclamando o movimento
O tempo marcou a toalha no centro de mesa
Amarelada com acúmulos de sentimentos
A fachada da casa tem a pele cansada
Acompanhando a parede dos moradores
O tempo marca gente, marca coisas
Azeda o leite, tira o brilho das cores
No fundo do quintal, o passado empilhado
Restos da infância, adolescência, juventude
O tempo é um depósito de quinquilharia
Lixo de nossos defeitos, de nossas virtudes
Picharam mais uma frase vazia no muro
Dessas que chamam o povo pra luta
O tempo desbota a vontade no peito
Tanto bate que a gente nem mais escuta