SEMPRE ELE, O TEMPO

O tempo enferrujou as dobradiças da porta

Que abre e fecha reclamando o movimento

O tempo marcou a toalha no centro de mesa

Amarelada com acúmulos de sentimentos

A fachada da casa tem a pele cansada

Acompanhando a parede dos moradores

O tempo marca gente, marca coisas

Azeda o leite, tira o brilho das cores

No fundo do quintal, o passado empilhado

Restos da infância, adolescência, juventude

O tempo é um depósito de quinquilharia

Lixo de nossos defeitos, de nossas virtudes

Picharam mais uma frase vazia no muro

Dessas que chamam o povo pra luta

O tempo desbota a vontade no peito

Tanto bate que a gente nem mais escuta

Luiz Fraga
Enviado por Luiz Fraga em 04/09/2024
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