Queria jogar palavras a esmo na tela
Queria jogar palavras a esmo na tela
Se esgueiraram pelo teclado
E apareceram na tela branca
Alguns privilegiados
Muitos sem direitos básicos
Ralhei com essas palavras
Sou neutro, sou isento
Teimaram
Silenciados
E quem tem todos ouvidos
Aquém de sua fala
Alguns batem tambor
Alguns batem martelo
Quem bate martelo comete injustiças
Quem bate tambor protesta contra as injustiças
Bater martelo é apagar as vozes dissonantes
Tambores são para quem quer cantar
Dançar e remexer o corpo
Presente no mundo, passado de histórias
Contador de belezas
As palavras não me deixaram ser de outro povo.
Rodison Roberto Santos
São Paulo, 15 de novembro de 2023