NÃO FEDE NEM CHEIRA

Você que se gloria

Quando paga impostos

Rigorosamente em dia

Você, cidadão cartesiano

Simetricamente encaixado

No horário comercial

Funcionário do ano

Com direito a férias

E participação nos lucros

Você com sua régua

De medir gente e coisa

Na medida matemática da utilidade

Você, peso morto do universo,

Nem quente nem frio

Que não pergunta sobre flores

Ou se importa com inutilidades

Você na ponta da pirâmide social

Máximo representante da humanidade

Por essas e outras, a poesia está

Prestes a te vomitar

Como um verso morno

que não fede nem cheira

Luiz Fraga
Enviado por Luiz Fraga em 02/09/2024
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