setembro

o ar desse setembro veio carregado de fumaça.

sinto sua aspereza roçar minha epiderme; meus olhos mais secos, minhas mãos emurchecidas.

cinzas sob minhas unhas.

as copas balançam num silêncio inquieto.

o branco do céu não vem da luz.

é setembro.

e, contudo

um outro setembro

(parece, agora, tão distante)

pesava-me mais leve

acariciava-me em sua bruma

é setembro

e temo que este ano

não traga primavera

Alê Ramponi
Enviado por Alê Ramponi em 02/09/2024
Reeditado em 03/09/2024
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