ARQUITETO DE MIM MESMO

Em meio a estátuas de gesso e cal,

Paredes soturnas, nuvens de ilusão,

Construo o espectro de minha efêmera habitação.

Este templo, fruto do pó das estrelas e do pensamento do criador

Foge pelas minhas mãos e sugere o mais terno caos.

Debalde, assisto à gênese de um universo que não é meu

E em meio a essa azáfama, erijo um espelho que reflete fragmentos de meu ser.

Na inconstância dos tempos que se seguem,

Ora construo, ora destruo.

No entanto, o plinto está lá esperando meu arraigar

Como um catre em que um nauseabundo jaz.

Inadvertidamente continuo minha empreitada

Tendo apenas uma certeza:

Essa senda é irrevogável

E meu destino está escrito

À soleira da porta, trazido na poeira dos pés

De alguém que nunca me verá.

manoel jairo
Enviado por manoel jairo em 02/09/2024
Código do texto: T8142337
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