Fardo das escolhas
Embora perfeito,
Vejo-me incompleto no todo.
Numa luta entre o rochedo e o mar,
Busco minhas escolhas, na plenitude da palavra.
Às vezes sou rochedo,
Outras, mar.
Essa dualidade me inquieta e angustia,
Acabo por saber quem não sou!
Diante do infinito
E da finitude das coisas,
Não posso me conformar em ser apenas o que sou,
Pequena partícula:
grão de areia ou
gota d'água no caos de toda essência.
O que sou não me preenche,
E o universo, por ser infinito, e deveria me acolher, ignora
Se sou mar,
Se sou rochedo.
Urge transcender:
Não ser areia,
Não ser água,
Mas deixar de ser lagarta, tornar-me borboleta
E voar em busca da liberdade,
Que como lagarta nunca tive,
Em meio ao mar e o rochedo que pensei ser.
E após essa transcendência,
O que virá? Não sei.
Isso novamente me inquieta,
A ponto de ser consumido pelo fardo das minhas escolhas!