Entre um gole e outro
Sentado sozinho,
num bar de esquina.
Na mesa, seis garrafas vazias.
A noite se alonga.
No peito, ausência de certezas.
Entre um gole e outro,
perdido em pensamentos,
olho o copo vazio,
vejo simetria entre nós.
Ele trazia o amargo que agora se fundiu em mim.
Eu, no abismo de mim, também me encontro vazio.
Deixo nele minha digital incompleta,
num mundo indiferente.
Olhares me julgam pelas garrafas esquecidas...
Aumenta meu desejo de ser compreendido e o medo de ser reduzido àquilo que não sou!
Em meio ao barulho de vozes e músicas,
pessoas entram e saem, formigas no vai e vem.
Ciclo incessante e constante!
Rotina sem esperança!
Entre idas e vindas,
queria ser uma com elas?
Não sei!
Entre um cigarro e outro, rabiscos de fumaça se espalham no ar...
Eu, no vazio de mim, me perco também em devaneios, sem meu norte encontrar...
Sozinho, sussurro à Lua,
minha solidão, minhas angústias.
Ela, cheia de fases, há de me entender,
mas, como num suspiro triste e silencioso,
se esconde às sombras...
Entre garrafas e copos, perdidos como eu, ergo a voz e suspiro:
"Garçom, traz caneta e papel!
Desce mais uma!"
Afogo meus sonhos
num sujo copo de bar.
Na folha de papel em branco,
em rima pobre, escrevo versos.
Exploro minha dor, o absurdo da vida.
Entre um delírio e outro, escrevo sobre o existir.
Busco respostas...