O poeta II

Inspiração

Corrompendo-se nesse anonimato

E gira o mundo sem valor...

Como sombras sobrenaturais em um retrato

Ilusão...

As palavras doces brotam da mentira

Oh poeta, amargurado em sua clausura

Onde a paixão mais pura

Tornou-se ira

Punição...

Essa morte me chama tão feroz

Não há sentimento nobre para rimar

Uma depressão súbita e veloz

Amaldiçoado pelo estigma do pudor

Sentenciado a sofrer por amor

Pétalas cairão sobre mim

Paraa amenizar essa temerária insensatez

Esses lábios que provaram do fel

A poesia perfeita não cairá do céu

Há um sonho inteiro me fazendo chorar

Alma inquieta, uma batalha literária

Salve esse momento de felicidade imaginária

Para preservar o que resta de sua inspiração

Maldade...

Escapando por entre os dedos

Dedos esses que escrevem sobre a vida

Sobre a morte e a razão de nossos medos

Realidade...

Profetizando as melodias do amanhecer

Um silêncio egoísta o convence

Que não há nada sincero para escrever

Reciprocidade...

Afaste de mim pesadelos imortais

Não há soneto que me salve dessa melancolia

O que meus olhos sentem são lágrimas reais...

Nas palmas dessas mãos

Uma linha tecida pelo manto do tempo

Uma canção foi descoberta

Quando a luz da vida se acendeu

Não existem regras para sonhar

Eu sou o poeta que a poesia esqueceu