Pluma perdida
Nada para fazer lembrar, mas que fosse intenso
os ventos sem emoções, e as noites sem ilusões.
Espelho quebrado... mas sem marcas de tempo,
sem as sombras dos vãos, sem rastro de chuva,
sem falas ou brigas... sem alma a entristecida.
Coisas desperdiçadas, desejadas, bonitas, ou feias,
largadas, sem o alarde gritante do sono aturdido.
Sem a inocência, que habita na solidão antiga.
Sem esse desejo de amar, esse que veio antes que
eu existisse.
Que o amor permanecesse, sem que o ignorasse,
ou que sentindo tanto! Não tanto eu o sentisse.
Sem que me perdesse fitando estrelas pelos céus...
O céu da minha imaginação, e incondicionalmente
o amor só de fantasia que em mim restasse, desse
um tanto segurança a minha alegria.
Que minha mão apontasse um sossegado destino,
e que os meus passos e os meus pensamentos,
fossem sem tanta alma e tantos sentimentos,
que se fosse para ser um abandono, que fosse eu
a abandonada no calor das noites quentes...
assim a vida feito pluma perdida, me carregasse.
Que o tempo desse as suas voltas, e tão igual
ele não me encontrasse, que o doce céu de estrelas,
de um insano amor me protegesse, quando sem gosto
de sal das lágrimas que por ti, em vão derramei
e ainda derramo, restasse a certeza de que amar
foi o meu único desengano.