Tecendo Verdades

Outrora me perguntaram:

"O que buscas?"

Busco a essência que se esconde nas sombras do que sou,

o sentido que me escapa entre as frestas do vazio.

Ando cansado das minhas coisas! Cansado da rotina de sempre!

Quero ser alguém que, com maestria,

costure palavras, a emanar sentimentos e novas emoções.

Quero falar das cicatrizes guardadas ao longo do tempo.

Quero dizer da saudade que sinto, em meio à minha clausura.

Quero falar do meu duplo, das máscaras que usei, das ruínas por onde passei.

Quero escrever sobre meu barco à deriva, em busca de liberdade.

O que busco?

Busco a mim, no reflexo turvo do outro,

no abismo de minhas recordações esquecidas numa fotografia.

Quero falar de Nietzsche!

Quero me debruçar em De Beauvoir!

Quero falar de Heidegger,

de Sartre!

Quero recitar Pio Vargas e ruminar seus poemas.

Quero versejar!

Quero voar!

O que busco?

Busco aquilo que minh'alma anseia,

respostas que talvez nunca encontrarei!

Quero escrever versos,

que sejam imperfeitos,

mas que falem de mim.

Quero um colóquio comigo mesmo.

Quero, na simplicidade dos meus versos,

tentar ser o que não sou,

um tecelão das palavras a escrever verdades fragmentadas.

O que busco?

Não sei!

Continuarei a buscar respostas à minha existência!

Quem sabe, no silêncio do universo, não encontro as respostas que busco.