É uma tarefa deveras penosa o ofício do poeta

É uma tarefa deveras penosa o ofício de poeta.

Primeiro caçar palavras para expressar o que sente

E essa entidade – palavras – é fugidia, escorregadia, arriscada

É afazer trabalhoso conciliar sentimento e linguagem

E as palavras, elas não cabem em caixinhas

Saem de lá, voam, andam, desandam, dizem e desdizem

São umas rebeldes, não obedecem, não ficam quietas,

Saem como querem.

Ai do poeta!

Quando se juntam, então,

Deus do céu! É sintaxe, é semântica, é concordância,

Conjugação, pontuação, substantivo, predicado.

Já não querem mais ser adjetivo, verbo, adjunto adnominal.

E quando estão no papel já escritas

Entranham outras interpretações, outros significados

Quando não provocam cacofonia, redundância e coisas mais.

E para deixá-las todas juntas e belas

É estilo, boa escrita, bons modos de dizer,

Rima rica, belas composições.

Não é fácil ser poeta

Escolher as palavras.

Nunca sei se escolhi as corretas,

Sou obrigado a escolher por algum critério que não sei qual é.

Rodison Roberto Santos

São Paulo, 24 de setembro de 2022

Rodison Roberto Santos
Enviado por Rodison Roberto Santos em 29/08/2024
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