Fábrica de Gente
Fábrica de Gente
No silêncio da fábrica, o sino ecoa,
Chamando as crianças, fileiras em linha,
Como produtos em série, moldes iguais,
Sem espaço para sonhos, sem céu, sem mar.
Pássaros enjaulados, sem asas, sem ar,
Suas mentes, jardins esquecidos,
Onde flores murcham, raízes ressecam,
Mas o solo é ignorado, o caule erguido.
Leões que não podem caçar,
Pássaros que não podem voar,
Lebres que não podem correr,
Humanos que não podem viver
O tempo é tirano, o relógio impiedoso,
Cada segundo, uma marcha obrigatória,
Enquanto dentro delas, o caos se expande,
Guerreando sozinhas, numa batalha invisível.
Com máscaras de sorrisos, escondem as dores,
Rachaduras em espelhos, suas almas quebradas,
A jaula invisível se fecha ao redor,
E o grito silenciado, ecoa no vazio.
Autômatos de carne, treinados a obedecer,
Sob a sombra do autoritarismo frio,
Mas e as vozes que pedem socorro?
E as lágrimas que escorrem, ignoradas?
Na fábrica de gente, a produção não para,
Mas quem conserta o que o sistema quebrou?
Corações fragilizados, mentes perdidas,
Enfileiradas, marchando, mas para onde?
Se ousam protestar, na sala você não fica
Posso ir ao banheiro?
Não, acabou de vir do recreio
Então, o que fazer? Se na fábrica de gente não podemos nada fazer
Se chorar, não irá reclamar
Quando irá o sistema mudar