"Eu sou preta, mas bela..."
“Eu sou preta, mas bela...
Como as tendas de couro escuro,
Como os cortinados suntuosos.
Não vos incomodeis se sou morena,
Se o sol me tisnou...”
A beleza preta incomodava no bíblico Cântico dos Cânticos.
O sol tisna e chama a melanina ancestral.
A semita é humana, é da raiz da cor negra.
A africana é humana, é raiz negra da cor.
A abya-yalense é misturumana, vem da negra raiz.
A beleza preta não é lisonjeada.
A beleza preta é força do axé, da resistência.
A beleza preta é cor de corpo que trabalha,
Apascenta ovelhas, carrega cântaros,
Cozinha, corre nos campos pastáveis,
Cheira as flores dos prados, vales, montanhas.
Cuida, protege, nina, canta, dança.
E acima de tudo, ama, entrega-se, deseja.
É sofrida, doída, é amável, bela, a beleza preta.
Rodison Roberto Santos
São Paulo, 24 de fevereiro de 2022