NÃO VOLTAM MAIS

NÃO VOLTAM MAIS

Foi-se o tempo das cadeiras nas calçadas

Das conversas desapressadas

De crianças livres nas ruas

Com suas brincadeiras lúdicas

Dos muros baixos e portas abertas

Dos aromas das cozinhas

Misturados em ares simples

E sabores salivando bocas

Do rádio e seus chiados

Mesclados a samba-canções e boleros

E notícias sempre longínquas

Dos bons dias e como vais sinceros

Da solidariedade desinteressada de vizinhos

Das quitandas armazéns açougues padarias feiras-livres

Do leite em garrafas entregues todo dia

Com nata sobrenadante

Dos pães de meio quilo e manteiga a granel

Das verduras frescas ainda cheias de terra

Das carnes de segunda feitas de primeira

Das estações divinamente sequenciadas

Sol chuva frio calor

Flores primaveris

Folhas outonais

Pulôveres tricotados

Camisetas brancas sem marcas e mangas

Sem dizeres sem slogans

Enfim uma vida mais simples

Mais despojada

Menos material

Menos egoísta

Mais integrada

Menos ávida de poses e posses

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 27/08/2024
Reeditado em 27/08/2024
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