NÃO VOLTAM MAIS
NÃO VOLTAM MAIS
Foi-se o tempo das cadeiras nas calçadas
Das conversas desapressadas
De crianças livres nas ruas
Com suas brincadeiras lúdicas
Dos muros baixos e portas abertas
Dos aromas das cozinhas
Misturados em ares simples
E sabores salivando bocas
Do rádio e seus chiados
Mesclados a samba-canções e boleros
E notícias sempre longínquas
Dos bons dias e como vais sinceros
Da solidariedade desinteressada de vizinhos
Das quitandas armazéns açougues padarias feiras-livres
Do leite em garrafas entregues todo dia
Com nata sobrenadante
Dos pães de meio quilo e manteiga a granel
Das verduras frescas ainda cheias de terra
Das carnes de segunda feitas de primeira
Das estações divinamente sequenciadas
Sol chuva frio calor
Flores primaveris
Folhas outonais
Pulôveres tricotados
Camisetas brancas sem marcas e mangas
Sem dizeres sem slogans
Enfim uma vida mais simples
Mais despojada
Menos material
Menos egoísta
Mais integrada
Menos ávida de poses e posses